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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Organização do trabalho pedagógico.




O comprometimento dos profissionais de educação – docentes e não docentes – com a organização de um trabalho pedagógico coletivo na escola é um desafio a ser incorporado na observação, na vivência e na participação dos sujeitos, no processo de encaminhamento das questões que permeiam o cotidiano escolar. Gramsci (1989, p. 129) embasou a proposta da educação básica em dois elementos educativos fundamentais: as primeiras noções de ciências naturais e as noções de direitos e deveres dos cidadãos. As noções científicas se constituem em instrumento de luta contra concepções mágicas de mundo e de natureza, impregnadas de folclore, absorvidas pela criança no seu espaço de convivência. As noções de direitos e deveres servem para introduzir o estudante na vida estatal e na sociedade civil, transformando-se em uma ferramenta cultural de luta contra as concepções individualistas e localistas.
Estes dois elementos são fundamentais na organização de um processo pedagógico comprometido em formar cidadãos dirigentes, isto é, o homem que trabalha e contribui para a modificação da natureza. A existência humana vai se tornando especificamente humana, por meio de três dimensões (a prática produtiva, a prática social e a prática simbolizadora) relacionadas entre si de modo que o movimento e a ação de uma interagem sobre o movimento e a ação das outras, repercutindo no processo de produção de conhecimentos, e ao mesmo tempo influenciando no processo decisório da sociedade.
                               

           A prática produtiva pelo trabalho, os homens interferem
              na natureza com vistas a prover os meios de sua existência
              material, garantindo a produção de bens e a reprodução da
              espécie, a prática social ao produzir sua subsistência, os
              homens estabelecem entre si relações, e a prática simboli-
              zadora as relações produtivas e sociais são simbolizadas
              em nível de representação e de apreciação valorativa, no
              plano subjetivo visando à significação e à legitimação da     
             realidade social e econômica vivida pelos homens
              (SEVERI NO, 2001, p.26).

                                         



Compreender a construção da existência humana, nos termos afirmados pelo autor acima referenciado, significa compreender que estas três práticas estão inerentes não só no discurso, mas principalmente nas práticas da organização administrativa e pedagógica da escola, bem como na forma como os dirigentes se relacionam e organizam as atividades escolares, tais como: o planejamento, a matrícula, a organização das turmas, o conselho de classe, o conselho dos professores, a aula propriamente dita, as horas cívicas, as reuniões pedagógicas com professores, pais e alunos, etc.
Estas inter-relações impregnam a vivência em sala de aula, a relação professor – aluno e o processo de transmissão-apropriação dos conhecimentos das leis naturais e das leis feitas pelos homens, bem como interagem na compreensão e convencimento de até que ponto deve ser aceito, não por imposição externa, mas por entender que elas são necessárias para a convivência social. Acima de tudo, é necessário compreender que estas práticas interagem nas situações de aprendizagem, na decisão de estudantes e professores assumir coletivamente a modificação destas mesmas leis estabelecidas pelo poder constituído, as quais refletem nos programas escolares.


As relações de poder e a organização do trabalho pedagógico.   CIÊNCIA & OPINIÃO

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