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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Ensinar e Aprender - PEDAGOGIA DA AUTONOMIA



"Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua produção ou construção" (Freiri,1996,p.25).

A afirmação sintetiza a compreensão de Paulo Freiri acerca da complexidade das relações entre o ensinar e o aprender. Essa reflexão se inscreve no âmbito da argumentação em torno dos saberes necessários a pratica educativa, subtitulo da Pedagogia da autonomia. Na referida obra, o autor aborda o conhecimento profissional docente a partir de três eixos temáticos: (cap.1); ensinar não é transferir conhecimento (cap.2); ensinar é uma especificidade humana (cap. 3); Cada capitulo, com nove subtítulos, analisa exigências a pratica docente. Entre elas, a rigorosidade metódica, a pesquisa, o respeito aos saberes dos educandos, a consciência do inacabamento, a curiosidade, o saber escutar e a disponibilidade para o dialogo. É, pois, de modo contundente que o autor se posiciona sobre a necessidade de saberes específicos, em defesa da profissionalização docente.

Este é o tema da obra Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar (1993), em que Paulo Freiri problematiza a função social da docência, ao afirmar que " professora não é tia " (p.13). Justifica-se, esclarecendo que, ao recusar a identificação da figura da professora com o da tia, não distorce a responsabilidade da professora.

Na perspectiva freiriana, não é possível o ato de ensinar sem aprender, pois "quem ensina a prende ao ensinar e quem aprende ensina o aprender" (Freiri, 1996, p.25).

Paulo Freire reafirma a necessidade dos educadores criarem as condições para a construção do conhecimento pelos educandos como parte de um processo em que professor e aluno não se reduzam à condição de objeto um do outro, porque ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Segundo o autor, essa linha de raciocínio existe por sermos seres humanos e, dessa maneira, temos consciência de que somos inacabados, e esta consciência é que nos instiga a pesquisar, perceber criticamente e modificar o que está condicionado, mas não determinado, passando então a sermos sujeitos e não apenas objetos da nossa história.
Todos devem ser respeitados em sua autonomia sendo, portanto a auto-avaliação é um excelente recurso para ser utilizado dentro da prática pedagógica. Educadores e educandos necessitam de estímulos que despertem a curiosidade e em decorrência disso a busca para chegar ao conhecimento.

O educador como um ser histórico, político, pensante, crítico e emotivo não pode apresentar postura neutra. Deve procurar mostrar o que pensa, indicando diferentes caminhos sem conclusões acabadas e prontas, para que o educando construa assim a sua autonomia.
O educador deve saber escutar, pois é somente escutando crítica e pacientemente que se é capaz de falar com as pessoas e conseqüentemente com os alunos.

Paulo Freiri